Lá Vem o Ganso Para Ver o Que Que Há
O Fluminense anunciou a contratação de Paulo Henrique Ganso e movimentou o noticiário esportivo brasileiro. Mas veja, antes de começar esse texto, preciso dizer que eu fui um dos iludidos pelo começo dele no Santos. Eu esbravejei pela sua convocação para a Copa da África em 2010, me empolgava com cada passe certeiro e deixadas na cara do gol que aquele Ganso mostrava. E, confesso, fui um dos que defendi ferrenhamente que ele seria melhor que o Neymar. Mas tratar do Ganso como a maior frustração recente do nosso futebol ─ ou no mínimo uma delas ─, é assunto para outro texto, quem sabe. Só quis deixar claro, porque os resquícios daquele encantamento, talvez influenciem, tendo se transformado na esperança de poder vê-lo jogar aquele futebol mais uma vez.
Pois bem, dito isto, acredito que a contratação do Ganso pode ser resumido por uma palavra: pode. São muitas as incertezas que rondam a sua chegada às Laranjeiras.
É um jogador que pode subir o nível do time do Flu, algo que vai depender muito do seu rendimento e desempenho individual. Apesar de não ter um elenco dos melhores, o time de Fernando Diniz é bem armado e com uma ideia clara de jogo. Um time de posse de bola e trocas de passe, com um proposta bem coletiva.
É dentro dessa lógica que eu acho que P.H. Ganso pode funcionar. Apesar de ser também um jogo de muita movimentação ─ algo que Ganso ficou famoso por não fazer ─, consigo enxergar o time funcionando mesmo com um jogador que não tenha essa característica. Passaria a ser mais necessário jogadores mais rápidos para acelerarem essa movimentação. Imaginando esse cenário, sem desfalques, acho que Luciano, que vem fazendo gols, deixa o time para volta de Pedro, permanecendo Everaldo aberto em uma das pontas devido a sua velocidade. Outro que acredito que deixará o time nessa mesma lógica é Ezequiel. Isso porque a volta de Gilberto dá uma opção mais rápida e consistente de saída pela lateral direita.
A saída de bola do time de Diniz é muito inteligente, com os dois volantes recuando para armar o jogo e os dois zagueiros abrindo para dar opções de primeiro passe. A função de Ganso nessa tática é funcionar como a engrenagem do time ─ e essa metáfora nunca foi tão verossímil. Seria o cara que se movimenta pouco, mas faz o time evoluir. Sua qualidade de passe pode ser o ingrediente que faltava nessa equipe. É o cara para vir buscar o jogo, iniciar a jogada nessa saída de bola. As infiltrações de Bruno Silva provavelmente terão de se tornar mais frequentes, o que, por outro lado, acaba por deixar o time mais exposto, sobrecarregando Airton e os zagueiros. Sabemos bem que marcação também não é um dos pontos fortes de Ganso.
As qualidades e ganhos no ataque, talvez sejam os únicos em que o jogador dispensa apresentação e reflexão. No entanto, a evolução do jogo do Flu, muito provavelmente, vai começar com ele e terminar com seu último passe pro gol. Por mais lenta que seja a sua movimentação, ela terá que ser precisa, para puxar a marcação e abrir espaço para os outros jogadores no ataque receberem a bola em condições de finalizar a jogada.
Alguém poderia retrucar e dizer que: “ah, mas no final das contas, toda contratação traz com ela incertezas e possibilidades, então em todas o pode vai ser marcante”. E é verdade. Mas acho que o pode do Ganso é diferente. É mais nítido. Por trás dele há possibilidades e incertezas, mas também aquela esperança de vê-lo ser minimamente aquele jogador que já foi um dia. Se for, os “podes” desse texto virarão certezas.
Até lá, aguardemos para ver o que é que (ainda) há.
Gabriel Estrella é historiador e torcedor rubro-negro. Mais do que isso, é um apaixonado pelo esporte bretão. Escreve, pensa e vive futebol, real ou virtual.
Adorei o título.
Até lá é hj, BB.
Ótimo texto.
Quero acreditar que as coisas possam melhorar para o Fluminense.
Agora, com salário atrasado, não tem Diniz que mantenha o padrão tático, a vontade dos jogadores e chame a atenção da torcida q está devendo. Abc