Kings Of Leon – Lollapalooza, 06/04/19
Kings Of Leon: (3,5 / 5)
Quando surgiu, no início dos anos 00, Kings Of Leon era uma banda que tinha um “twist” rural em seu rock. Era diferente na época, uma vez que todos os grupos surgidos na esteira de Strokes/White Stripes eram urbanos por excelência e os Kings faziam questão de preservar essa caipirice. Com este conceito em mente, gravaram dois discos: “Youth And Young Manhood” (2003) e “A-ha Shake Heartbrake” (2005) mas foram mudando a sonoridade no trabalho seguinte, “Because Of The Times” (2007), chegando ao êxodo rural com o quarto disco, “Only By The Night” (2008). A banda não parece mais interessada no início de sua carreira, privilegiando esta mudança sonora de onze anos atrás – que conferiu o status de grande banda ao KOL – e tudo o que se fez depois dela.
Os irmãos/primos Followill ainda são bons de palco e sabem oferecer um bom show para quem está disposto a vê-los. Com repertório calcado na fase da carreira que mais agrada aos fãs, o grupo tem bom desempenho, ainda que soasse contido por causa da chuva torrencial que caía, impedindo-os de maior deslocamento pelo palco. As canções ao vivo soam pouca coisa diferente dos originais, com destaque para “My Party”, que ganha muito mais peso, especialmente no diálogo entre baixo e bateria. “Mary”, canção de “Come Around Sundown” (2010), também tem seu arranjo spectoriano original modificado e amplificado, ganhando mais profundidade ao vivo.
O KOL tem alguns hits legais: “Supersoaker” é potente ao vivo, “Sex On Fire” levanta a plateia, “The Bucket” e “Mollys Chambers” dão um gostinho para velhos fãs e canções como “Notion”, “Manhattan” e “Pyro” fazem o grupo soar como uma versão de bolso do U2 fase anos 2000.
Um show competente que fez a delícia dos presentes.
Foto: Camila Cara/Equipe MRossi
Setlist:
“Crawl”
“Find Me”
“Radioactive”
“Molly’s Chambers”
“On Call”
“Revelry”
“Supersoaker”
“The Bucket”
“Fans”
“Over”
“Closer”
“My Party”
“Mary”
“Eyes on You”
“Sex on Fire”
“Notion”
“Knocked Up”
“Manhattan”
“Pyro”
“Back Down South”
“Use Somebody”
“Waste a Moment”
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.