James Blake – Assume Form
Gênero: Eletrônico
Duração: 48 min.
Faixas: 12
Produção: James Blake
Gravadora: Polydor
(2,5 / 5)
James surgiu no início dos anos 2010 como um desses pequenos gênios da música eletrônica, com algo que parecia novo à época: uma mistura soturna, triste, invernal de pianos e programações eletrônicas próximas de um novo estilo que surgia então, o dubstep. Hoje, quase dez anos depois, Blake faz um movimento que busca mudar as direções estéticas de sua música. Saem os climas do dubstep e entram colaborações com artistas convidados, especialmente rappers, que o procuraram logo após seu sucesso inicial, especialmente Kendrick Lamar e Kanye West, os dois maiores medalhões do estilo.
Em muitos pontos de vista, “Assume Form” é um disco interessante, mas soa cansativo – como os outros álbuns de Blake – justo porque sua música tem razão de existir na repetição de tons baixos, soturnos e espectrais. Mesmo que tal característica esteja bem mais palatável ao longo das 12 faixas, é preciso encontrar nos convidados alguma centelha de novidade. De longe a melhor faixa por aqui é “Where’s The Catch”, com a colaboração do sempre bom Andre 3000. Mesmo assim a canção ainda parece meio aprisionada nas limitações estéticas. Nas faixas em que está solo, Blake se esforça para soar mais arejado e pimpão, mas derrapa na proposta, como em “Lullaby For My Insomniac”.
Blake não vai lançar um disco mais solar do que “Assume Form”, o problema parece estar no conceito, na própria abordagem.
Ouça primeiro: “Where’s The Catch”.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.
