HAIM – Women in Music Pt.III

 

 

Gênero: Pop alternativo

Duração: 51 min.
Faixas: 16
Produção: Danielle Haim, Rostam Batmanglij e Ariel Rechtshaid
Gravadora: Columbia

4.5 out of 5 stars (4,5 / 5)

 

Equilíbrio é a alma do negócio. Esta frase, que poderia ser de algum comercial dos anos 1980, se aplica muito bem ao trabalho que as irmãs Alana, Danielle e Este Haim acabam de lançar, “Women In Music Pt.III”. Ao longo de dezesseis canções – há três faixas extras estão por aqui – o trio HAIM mostra que não é preciso ser chato e pretensioso para fazer boa música pop em 2020. O tal equilíbrio a que me refiro aqui é o das influências que dominam o trabalho das três, a saber, o eletropop oitentista e o som californiano dos anos 1970, especialmente de grupos como o Fleetwood Mac. Misturando com inteligência e sensibilidade, as meninas conseguem mais um disco em que tudo parece funcionar às mil maravilhas. A diferença é que este aqui parece ser o melhor que elas já lançaram, especialmente por um quesito: a presença de ótimas canções.

 

Quem ouve as belas canções do álbum não pensa que as irmãs pensaram nelas como um meio de exorcizar alguns demônios recentes. Morte de amigos, depressão e a tristeza por conta de doenças – no caso, um câncer testicular diagnosticado no marido de Daniele, o coprodutor do álbum, Ariel Rechtshaid – são alguns dos exemplos de assuntos barra-pesada que informaram as faixas. A produção, que também conta com Daniele e o ex-Vampire Weekend, Rostam Batmanglij, ajuda a revestir essas canções com aquela gangorra que se equilibra entre modernidade e tradição, sempre com boas soluções de timbres e arranjos, sempre colocando a objetividade pop em primeiro lugar.

 

Há espaço para ótimos momentos ao longo do álbum. Em algum ponto – mais precisamente, em “Another Try – temos a impressão de ouvir algo que poderia ser do trio sueco Ace Of Base, tamanha a familiaridade com os raios de sol do reggae-pop que o arranjo ostenta. Em outro momento – caso de “Don’t Wanna” – há detalhes e pistas que apontam para algo que poderia ser do primeiro disco de Sheryl Crow. Tudo flui com este tipo de referência de bom pop, mas apenas o suficiente para identificarmos bons antecedentes na construção dessas canções. O tom é de total sintonia com 2020, colocando o grupo a serviço da melodia e das faixas e não o contrário, que é o usual na maioria dos álbuns de pop atuais.

 

O HAIM, como dissemos, exibe ótima forma no quesito “composição pop.” Tudo é praticamente perfeito e confeccionado com a intenção de despertar o seu amor imediato. A faixa de abertura, “Los Angeles”, é quase uma criação feita em laboratório, com a missão de ser adorada por tudo e todos. “I’ve Been Down” é hipnótica e cheia de batidas sintetizadas muito bacanas, que se entrelaçam com os vocais das meninas, enquanto “Man From The Magazine” entrecorta um clima de demo tape com belezuras vocais quase sussurradas. E no fim do álbum, em meio às faixas extras, está o majestoso single “Summer Girl”, que apresentou o álbum há alguns meses, mostrando que as irmãs vinham com força total.

 

“Women In Music Pt.III” é um compêndio de bom pop moderno mas com um pé nas boas referências. Junto com “Silver Landings”, da Mandy Moore – resenhado aqui há um tempinho – compõe uma dupla de respeito quando o assunto é proporcionar belas melodias infecciosas. Belezura.

 

Ouça primeiro: “Summer Girl”

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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