Flutuando com Post Modern Connection

 

 

Escrevo nesse momento sobre a banda Post Modern Connection com o sorriso fácil daqueles que acham uma boa surpresa ao acaso. E com a certeza de que uma das melhores partes de tornar a música uma espécie de fixação cotidiana é nos depararmos com esses encontros com canções que nos alegram de maneira despretensiosa e gratuita.

 

Imagine um grupo com um nigeriano, um libanês, um chinês e dois canadenses de alma e coração. Sim. Essa é a Post Modern Connection, banda canadense que lançou seu cativante, eclético e ondulante primeiro EP intitulado “Clustered Umbrella”.

 

Cativante porque a banda cuidou de caprichar nos arranjos e nas composições puxadas para o indie-pop que valorizam melodias e vibrações de um som alegre e contemplativo; eclético porque os integrantes da banda fizeram questão de mesclar gêneros de uma maneira coesa, inteligente e singela; e ondulante porque talvez eu tenha surfado – ou até mesmo flutuado – através dessas ondas sonoras.

 

O EP conta com cinco canções: “Folie a Deux”, “In the Dark”, “Water St.”, “Semblance of Normalcy” e “Nostalgic Remains. O som, descrito pela própria banda como algo entre o indie-pop/rock, o neo soul e o neo jazz, pode resumir com simplicidade sentimentos genuínos de diversão, introspecção, serenidade e alegria.

 

E para isso a banda diz se apoiar nas suas próprias vivências. Levando em conta as origens dos integrantes e do provável fato de que essas vivências são ricas e plurais, percebemos um trabalho bastante eclético, mas, ao mesmo tempo, sem firulas e enrolações. É pura simplicidade e coesão.

 

Tega Ovie (vocais), Georges (guitarras), Steven (contrabaixo), Cam (bateria) e Mitch (sintetizadores e violinos) conseguem nesse EP, junto à produção de Matt Di Ponpino e à co-produção de Cory Myras, expor toda a versatilidade de uma banda que já vem movimentando o cenário local do Canadá e alcançando aparições na CBC Radio e The Peak Vancouver, além de ter seus vídeos exibidos no Global News.

 

A capa, assinada pelo artista Sergio Reyes, é um convite para flutuar e sonhar nessa versatilidade das canções escritas pela banda.

 

Apoiados nas inspirações de bandas e artistas como The Strokes, Leon Bridges e Hiatus Kaiyot, a banda tira de letra a arte da oxigenação do novo pop e consegue cativar nossos ouvidos sem uma maneira forçosa de querer fazer algo acontecer.

 

O EP simplesmente acontece, sozinho. E se eu pudesse dar um conselho para o leitor, seria: arrisque-se levitar de vez em quando. Parece até ser uma tarefa difícil em tempos tão pesados, mas está aí a Post Modern Connection com uma pegada que não segue nada o pós-moderno pessimismo: pelo contrário, é um convite para respirar com mais otimismo e levar o dia com uma alegria contemplativa. “Clustered Umbrella” é assinado pelo selo e gravadora brasileira Before Sunrise Records – queridos para quem esta moça que singelamente escreve manda um abraço.

 

Sim, eu sei que os primeiros singles são “Folie a Deux” e “In the Dark”, mas escute primeiro: “Semblance of Normalcy”, a minha preferida

 

Maisa Carvalho

Maísa Mendes de Carvalho é piauiense com toques paulistas, advogada, criadora e apresentadora do Distorção Podcast, amante das artes humanas e apaixonada por música.

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