Elvis, 87

 

 

Se vivo estivesse, hoje Elvis Aaron Presley completaria 87 anos. Nascido em Tupelo, Mississippi, ele e sua família passaram por necessidades naquela América dos anos 1930, vitimada pela crise do capitalismo, precisando se reinventar e reconstruir. Após estudar e trabalhar ao mesmo, inclusive em ocupações como pedreiro e caminhoneiro, ele encontrou sua principal vocação: cantar. Mas não era só isso, uma vez que Elvis também dançava muito bem e consegui capturar a essência daquele início do Rock’n’roll, quando empresários e DJ’s de rádio esperavam pelo surgimento de um branco que soubesse dançar e cantar como negro. Elvis era esse sujeito.

 

Gravou vários compactos de sucesso, estrelou filmes, estampou sua cara de bom sujeito como “a cara do Rock” e aviltou as famílias conservadoras americanas. Entre 1955 e 1958 podemos dizer que, mesmo sem ser compositor e arquiteto do novo estilo musical, como eram Chuck Berry, Little Richard ou Jerry Lee Lewis, Elvis era o cara.

 

Em 1958 ele alistou-se no exército após ser convocado, poderia evitar o serviço militar, mas seu empresário, Coronel Tom Parker, enxergou ali uma chance de expansão de seu público e uma boa chance para desfazer uma imagem negativa que ele pudesse ter junto aos conservadores americanos. Deu certo. Elvis voltou da Alemanha – onde servira – em 1960 e engajou-se numa carreira distante do Rock, estrelando comédias românticas e gravando canções adocicadas para suas trilhas sonoras.

 

Ao longo da década, ultrapassado pelas bandas inglesas, não soube se reinventar e perdeu o bonde, concentrando-se em gravar álbuns ao vivo, gospel, country e soul, muitos deles sensacionais, mas desconectados de sua origem. Nos anos 1970, Elvis era uma estranha e inchada sombra de si mesmo, com problemas de depressão e movido a anfetaminas e calmantes.

 

Não resistiu a uma vida estranha e reclusa, falecendo em 1977, aos 42 anos, mas tornou-se um dos maiores ícones do século passado, com influência notável ainda hoje.

 

Aqui embaixo eu deixo minha gravação preferida de Elvis, de 1960. Ela faz parte da trilha sonora do filme “G.I Blues”, conhecido aqui como “Saudades de um Pracinha”. A versão que posto abaixo é um outtake da gravação, em que Elvis é zoado pelo produtor e, emputecido, diz que vai demorar o quanto for necessário pra gravar, chegando a dizer que uma vez demorou 60 takes pra conseguir chegar ao resultado esperado. E que o disco nunca foi lançado. Com vocês, “Pocketfull Of Rainbows”, esta lindeza imaculada.

 

Este outtake foi lançado na trilha de outro filme, “Jerry Maguire”, de 1996.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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