“Death Stranding”: Legal ou um simulador de SEDEX?

 

Salve, pessoal! Antes de mais nada, gostaria de pedir desculpas pela demora em atualizar essa bagaça. Além de trabalhar feito doido, ainda colaboro com outros dois sites, daí vocês já imaginam o drama! Mas prometo aos meus 7 fieis leitores que tentarei deixar de ser tão relapso, beleza? Dito isso, vamos ao assunto da vez, que é Death Stranding, o jogo mais aguardado dos últimos anos para Playstation 4. Será que valeu a espera? É o que descobriremos agora:

 

Desde que as primeiras imagens do game foram exibidas na E3 (a mais importante feira de jogos do mundo), não se falava em outra coisa. Gráficos realistas como nunca se viram antes; atores consagrados como Norman Reedus (o Daryl Dixon da série “Walking Dead”) no elenco; jogabilidade que prometia ser revolucionária e por aí vai. A cada novo video divulgado e a cada nova declaração dada pelo seu idealizador Hideo Kojima (o mesmo que nos brindou com a brilhante série “Metal Gear Solid”), a expectativa aumentava entre os gamers, até que no início de Novembro, a espera finalmente acabou e Death Stranding viu a luz do dia. Inevitavelmente, nessa hora veio junto a pergunta “E aí, ele é tudo isso que diziam que seria”? Bem… no que depender da minha modesta e humilde opinião, é e não é. Sim, os gráficos são deslumbrantes, a atmosfera é única, não há similar em sua proposta, porém ser original não significa necessariamente algo divertido e beleza por si só, como diria minha falecida avó, não põe mesa.

 

A história se passa num futuro pós-apocalíptico, onde um evento (chamado “Death Stranding”, dã!) dizimou praticamente toda a população mundial. Nós assumimos o papel de Sam Bridges (vivido pelo mesmo Norman Reedus citado anteriormente), uma espécie de carteiro que tem o dom de transitar entre o mundo dos vivos e dos mortos e que, por isso, ficou incumbido de fazer entregas ao redor do mundo e, dessa forma, tentar reconectar as pessoas. E aí chegamos no primeiro ponto polêmico: a ideia é interessante, mas o desenrolar é muito lento e maçante. É mais ou menos como tentar acompanhar uma série como “Lost”: Até os fios soltos se conectarem e tudo começar a fazer sentido, mais de 10 horas de jogo terão se passado, boa parte dele (estimo cerca de 80% do tempo) gasto apenas com remessas esdrúxulas de um ponto a outro – rola até entrega de pizza, pode acreditar! – o que já fez alguns sites especializados brasileiros (a zoeira não tem fim no Brasil, fato!) apelidarem-no de “Sedex Simulator”.

OK, a física é bastante realista (se você tiver muita carga, terá mais dificuldade para se locomover, só para citar um exemplo), há algumas outras missões como construir pontes para conectar vilarejos isolados, mas a lentidão que reina em boa parte do tempo irrita e cansa. Nem todo mundo estará disposto a encarar tamanha morosidade, ainda mais nós ocidentais acostumados a games frenéticos (não a toa, as críticas nos EUA não foram lá muito favoráveis, enquanto no Japão, onde o povo prefere jogos como RPGs e novelinhas virtuais, os comentários não poderiam ter sido melhores). Para piorar, leva tempo demais até conseguir um veículo de transporte que torne nossa vida mais fácil. Acredite, ficar andando a passos de tartaruga por uma Terra devastada e praticamente deserta não é nada divertido! Tem que ter MUITA paciência até a coisa engrenar!

 

Outro ponto que me incomodou foi o fato de a mecânica dos combates ser tão simplória, ainda mais vindo de quem idealizou algo tão inovador quanto a série “Metal Gear”: Primeiro que, durante as primeiras horas de jogo, os únicos inimigos que aparecem são criaturas espirituais chamadas de EPs e você nem pode enfrentá-los, já que a princípio você nem tem armas adequadas para isso. Até consegui-las, tudo que se pode fazer é agir sorrateiramente para não chamar a atenção deles. Com o tempo, aparecem também inimigos humanos denominados mulas, e esses não têm mistério: basta apertar o botão “quadrado” feito desesperado e pronto! A inteligência artificial deles é risível, não dá pra entender como justo Hideo Kojima deixou passar um furo desses! Por último mas não menos importante, é desanimador também o fato que o jogo só roda suavemente e sem quedas de frames no PS4 Pro. Se você assim como eu não tem grana pra comprar videogame toda hora e precisa se virar com o modelo antigo, vai sofrer e sua experiência vai ser ainda mais frustrante.

 

Porém nem tudo é problema aqui: Como disse várias vezes ao longo dessa matéria, os gráficos são impressionantes de tão realistas e o trabalho de dublagem é excelente, o que ajuda muito na imersão e faz com que você se sinta numa espécie de filme interativo. O enredo é inovador também, não se pode negar, “Death Stranding” é realmente diferente de tudo que já vi, mas é cansativo pacas e acho que poucos serão os que terão paciência de ficar de um lado para o outro fazendo entregas durante horas até as peças começarem a se encaixar e as coisas começarem a fazer algum sentido. Completar as missões envolve estratégia e paciência, o que as torna extremamente monótonas. Talvez o objetivo com isso fosse fazer você sentir na pele a tristeza e a solidão que um entregador num universo pós-apocalíptico sentiria, porém no meu caso isso só serviu pra me deixar entediado. Pena, era um game com potencial para se tornar uma obra-prima ou um divisor de águas na história dos jogos eletrônicos, mas vai resistir apenas como curiosidade e olhe lá…

 

VEREDICTO DO MILHOUSE:

GRÁFICOS: 10
SOM: 10
JOGABILIDADE: 7
DIVERSÃO: 6

Luciano Milhouse

Luciano Milhouse é flamenguista, pensa que sabe escrever, tem 6 cachorros e aceita doações de CDs, DVDs, videogames e carrinhos (para desespero de sua esposa)!

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