Canções contra o Coronavírus

 

 

Sim, claro que a gente ia aproveitar a onda da pandemia do Covid-19 de alguma forma. Sem perder o humor diante de um assunto sério, respeitando a situação, mas, bem, tentando enxergar alguma coisa positiva, nem que seja pra selecionar alguns trocadalhos do carilho ou listar algumas músicas pra você ouvir numa playlist. Rir, se indignar, achar desnecessário, aí é contigo, mas o fato da música pop ter um pequeno compêndio de canções que falam de doenças e distância, não poderia ser ignorado por nós.

 

Aqui vão doze canções pra você ouvir enquanto combate o Covid-19.

 

Depeche Mode – Shake The Disease (1985) – Era o Depeche Mode em fase ainda inicial, quase passando para seu momento de glória no fim da década. A letra dizia “você sabe o quão difícil pra mim é ficar bom”. Sabemos.

 

The Police – Don’t Stand So Close To Me (1980) – Um clássico do trio inglês, composto originalmente a partir de inspiração no romance “Lolita”, mas facilmente adaptável para este mundo de aglomerações. Como diria minha amiga Bruna Salles, “num réla”.

 

The Hollies – The Air That I Breathe (1974) – Os Hollies em 1974 nem imaginavam que existiria Covid-19, mas já antecipavam a importância de respirar um ar livre de vírus.

 

Phil Collins – In The Air Tonight (1981) – O clássico improvável da carreira de PC surge revisitado para os tempos atuais. É como se o sujeito, aterrorizado pelas redes sociais, dissesse para o vírus: “Eu posso sentir você vindo pelo ar esta noite”. Resista.

 

Berlin – Take My Breath Away (1986) – A canção da trilha sonora de “Top Gun” deixa o terreno do amor e da paixão, que faz a gente perder o fôlego por quem estamos a fim e traz a coisa pra realidade. Com o corona, a gente não vai longe, fica cansado logo.

 

Miami Sound Machine – Dr. Beat (1984) – Essa é uma variação positiva da convalescença. Se você doente, mas não sente nada de anormal, o jeito é ficar em casa, mas animadinho/a. Para isso, basta chamar o Doctor Beat.

 

Titãs – O Pulso (1989) – O clássico de enfermidades do grupo paulista, composto por Arnaldo Antunes, é adequado, ainda que precise de atualizações para novas moléstias.

 

Corona – The Rhythm Of The Night (1994) – A cantora brasileira, radicada no estrangeiro, fez sucesso no início dos anos 1990. Em tempos mais recentes, o refrão da música foi adaptado para “Jesus humilha Satanás”. Hoje é mera questão de dar nome aos que merecem.

 

Thompson Twins – Doctor, Doctor (1984) – O grupo inglês de tecnopop/new romantic já vaticinava a importância de ir ao médico. Depois de sofrer por amor, o protagonista vai no consultório e fala que está ardendo em febre. Recomendado.

 

Lemonheads – Hospital (1996) – Às vezes a lógica está nas afirmações mais simples. É neste princípio que se baseou o grupo americano. “Você tá com uma doença? Vai no Hospital”. E ponto final.

 

Bob Dylan – The Cough Song (1963) – Lá estava Dylan no estúdio, nos idos de 1963, colocando os vocais numa canção chamada “Suze”, quando, de repente, sem mais aquela, dá uma bela tossida. A gravação foi interrompida, a música mudou de título e ficou 28 anos arquivada, sendo lançada apenas no primeiro volume da “Bootleg Series” do bardo de Duluth.

 

Radiohead – My Iron Lung (1995) – O Radiohead fase “The Bends” também previu algo estranho mas aqui a situação parece em estágio avançado, com Thom Yorke sentindo falta de ar em seu suporte de vida artificial. É quase um grito de adeus.

 

 

Pato Fu – Uh Uh Uh, La La La, Ié Ié! (2006) – Apesar de parecer meio fora de lugar, a letra de John Ulhoa e Fernanda Takai aconselha olhar para o que já temos em casa: “Toda cura para todo mal está no Hipoglós, no Merthiolate, Sonrisal”.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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