Bob Mould – Sunshine Rock

Gênero: Rock Alternativo
Duração: 36 min.
Faixas: 12
Produção: Bob Mould
Gravadora: Merge

4 out of 5 stars (4 / 5)

Bob Mould é um desses pequenos grandes gênios do rock em atividade. Ex-Husker Dü e ex- Sugar, sujeito criou uma modalidade de rock alternativo americano no início dos anos 1990, que informou o grunge e a bandas derivadas, como o Foo Fighters inicial. É um rock de guitarras, de espaço aberto, forte e pesado na medida certa para conviver com melodias belas e esbanjar sensibilidade. É música feita por quem entende do assunto e já está na estrada há tempos. De certa forma, “Sunshine Rock” é a soma disso: das guitarras, da melodia e dos 60 anos de idade que Mould tem hoje. É importante citar também a sinergia que ele tem com o baixista Jason Narducy e o baterista Jon Wurster.

Juntos desde 2012, os três exibem um entrosamento telepático, o que ajuda demais em “Sunshine Rock”. As canções são curtas, muito bem gravadas e a presença de um naipe de cordas aqui e ali confere uma profundidade bem vinda. Mould tem vitalidade de sobra e o ouvinte terá a certeza absoluta que ele é o responsável pela assinatura sonora que Dave Grohl exibe mundo a fora. E pela pegada das gravações mais rápidas que o Pearl Jam realiza uma por álbum desde o fim dos anos 1990. Tudo graças a esta pequena fórmula que Bob Mould forjou.

“Thirty Dozen Roses” é um bom exemplo disso. É aerodinâmica, tem guitarras morrendo ao fim e aquela sensação meio claustrofóbica. A faixa-título e “Sunny Love Song” são belezuras curtas e grossas, nunca óbvias, favorecidas que são pela mixagem dos vocais no interior da maçaroca sonora de guitarras. Mesmo que a ênfase pareça ser na pegada, no ataque das canções, todas elas exibem melodias perfeitas. Quando o arranjo favorece, caso de “The Final Years”, adornada por um belo teclado, fica evidente a maestria de Mould como artesão pop.

“Sunshine Rock”, o disco, é um compêndio do bom rock alternativo americano noventista, bem feito, bem tocado, sem abrir mão da urgência e da fúria por isso. Uma beleza do início ao fim.

Ouça primeiro: “The Final Years”.

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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