As nossas 19 canções imperdíveis do Blur

 

 

Nos últimos vinte anos, o Blur lançou seis álbuns, sendo apenas dois de canções inéditas. E estes dois trabalhos são bem diferentes entre si. Se “Think Thank”, de 2003, mostrava uma banda à beira do esgotamento criativo e com diferenças internas (o guitarrista Graham Coxon nem participou das gravações), “The Magic Whip”, de 2015, revelou um grupo reconciliado e em paz. E, claro, nestes doze anos que separaram os dois álbuns, Damon Albarn, Dave Rowntree, Coxon e Alex James mudaram bastante. Cada um enveredou por um caminho musical distinto, sendo que Albarn teve mais destaque e mídia, seja pelos álbuns à frente do Gorillaz (que já totalizam oito), seja pela presença no supergrupo The Good, The Bad And The Queen (dois álbuns, em 2007 e 2018) e sua carreira solo (outros dois discos lançados em 2014 e 2021). Todas essas experiências, de todos os integrantes, fizeram bem ao Blur e contribuíram para o aumento do espectro sonoro do grupo já em “The Magic Whip”. Em oito discos, várias turnês, álbuns ao vivo e tudo mais, o grupo segue como uma das mais celebradas bandas inglesas de todos os tempos. Agora, sob a expectativa da chegada do nono álbum do quarteto, “The Ballad Of Darren”, a gente aproveita para lembrar de grandes clássicos e canções queridas que o Blur gravou ao longo de uma carreira que já dura 34 anos, desde quando ainda se chamava Seymour. Vamos conferir!

 

 

19 – Coffee And TV – canção do álbum “13”, sexto da banda, lançado em 1999. Conhecida mundialmente pela “música do clipe do leitinho”, uma vez que os protagonistas do filminho são … caixinhas de leite. Quem viu, viveu. Além das imagens, a canção é puro Blur.

 

18 – Ghost Ship – a grande canção de “The Magic Whip”, de 2015, disco que marcou o retorno do grupo depois de doze anos. É uma semi-balada funky setentista no melhor estilo AOR, algo que, até então, era inédito no cânone do quarteto. Uma das preferidas da casa.

 

17 – Girls And Boys – a faixa de abertura de “Parklife”, o grande, imenso terceiro disco da carreira do Blur. O arranjo eletrônico-cafona-intencional já ataca a juventude britânica alienada de 1993/94. Ao longo do álbum, o Blur fará críticas pesadas aos seres humanos ingleses daquele tempo, sem distinção.

 

16 – This Is A Low – outra canção de “Parklife”, é o “boletim metereológico-psicodélico” do Blur. Começa com um verso belíssimo: “And into the sea go pretty England and me”, ressaltando a condição insular da Inglaterra e como isso afeta o tempo que, por sua vez, afeta as pessoas.

 

15 – Chemical World – faixa do segundo disco do grupo, “Modern Life Is Rubbish”, de 1992, para alguns, o marco zero do que se entendeu por Britpop. É o Blur enguitarrado, beatlemaníaco, preocupado com o mundo daquele início de década e usando seu sarcasmo para criticá-lo. Belezura.

 

14 – Clover Over Dover – outra canção de “Parklife”, com introdução de cravos e um andamento pós-punk turbinado por Beatles pós-1966. Belezura de arranjo, riff maroto de Coxon e interpretação bela de Albarn.

 

13 – For Tomorrow – a canção que dá início a “Modern Life Is Rubbish”, um choque para quem estava acostumado ao Blur como coadjuvante do acid rock da virada das décadas 1980/90. Aqui a psicodelia era outra, mais focada e autêntica. Belo cartão de visitas da mudança.

 

12 – There’s No Other Way – só que não havia nada errado com o Blur de franjinhas do primeiro álbum, “Leisure”, de 1990. Esta faixa foi o sucesso inicial do grupo, ainda sob os ditames do acid rock inglês de então.

 

11 – Beetlebum – faixa matadora do álbum homônimo, lançado em 1997. O arranjo cria um clima de tensão quase irresistível e a tensão das guitarras vai levando o ouvinte a uma confortável variante de ansiedade total, para desembocar num refrão maravilhoso. O clima é totalmente beatle, com ou sem trocadilho.

 

10 – Song 2 – maior sucesso comercial da carreira do Blur, a faixa de abertura do antológico Fifa 1998, esta canção é irresistível, à prova do tempo e capaz de levantar qualquer plateia aonde quer que a banda esteja. Dois minutos que reinicializam o ser humano.

 

09 – Country House – faixa que puxou o belo quarto álbum do Blur, “The Great Escape”, lançado em 1995. É outra pancada no way of life os ingleses abastados, mas que, com o passar do tempo, se chocou com a própria condição dos integrantes do grupo. E eles assumem.

 

08 – Parklife – faixa-título do melhor álbum do quarteto, tem um andamento que deve os fundilhos ao rock sessentista de Who e Kinks, além da presença vocal do ator inglês Phil Daniels, que encarna um cronista do cotidiano inglês que aparece sob a lupa implacável da banda.

 

07 – Sunday, Sunday – mais uma canção do segundo álbum, “Modern Life Is Rubbish”, na qual temos uma espécie de antecipação do padrão cancioneiro do Blur que viria a seguir. Muita influência sessentista e o tom ácido sobre a vida cotidiana inglesa.

 

06 – Tender – belíssima e evocativa canção do álbum “13”, com um arranjo de tinturas gospel e ótima interpretação de Damon Albarn em meio ao uso de um coral muito bem pensado. Clássica.

 

05 – To The End – uma das ótimas canções de “Parklife”, com participação da cantora francesa Françoise Hardy, com uma pegada retrofuturista, devedora do pop dos anos 1960. Uma pequena jóia.

 

04 – Tracy Jacks – outra lindeza de “Parklife”, dessa vez usando um personagem – do título – que é funcionário público, tem uma vida banal e, subitamente, deixa tudo de lado. O arranjo é maravilhoso.

 

03 – Popscene – um raríssimo single que não aparece em nenhum dos álbuns da banda, “Popscene” foi lançada em março de 1992 e tem um status de “tesouro escondido” para os fãs genéricos e neófitos da banda. Quem gosta mesmo do Blur, conhece e ama.

 

02 – End Of A Century – durante muitos anos esta foi a minha preferida da carreira do Blur. Uma reflexão irônica, cínica e conformada da vida madura, que vai, aos poucos, servindo para os integrantes da banda e para os fãs. De alguma forma, se mantém atual e vigente. O arranjo é puro Beatles convertido para os anos 1990. Lindeza absoluta, faixa número 3 de “Parklife”.

 

01 – The Universal – recentemente, esta faixa de “The Great Escape” assumiu a dianteira, mas não há garantias de que ficará lá pra sempre. O arranjo é o grande fator de desequilíbrio e este fraseado de cordas que conduz a canção aqui é irrepreensível. O clipe que cita “Laranja Mecânica” também é maravilhoso.

 

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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