Morreu Claudio Maradona

 

 

 

Talvez este nome não diga nada para quem não mora em Niterói, São Gonçalo e adjacências, mas, para quem mora, a perda é imensa. Quem não foi a um show em ônibus do Maradona, que atire a primeira pedra. O homem era um viabilizador de excursões a eventos no Rio e fora do estado, levando contingentes de niteroienses, gonçalenses às edições do Rock In Rio e outros festivais, bem como apresentações de Paul McCartney, Roger Waters, Kiss, The Cure e vários outros. Eu mesmo, desde que moro em Niterói (2008), usei incontáveis vezes os serviços do Maradona, que sempre me atenderam plenamente. Até para shows do Paul McCartney em São Paulo e Minas Gerais.

 

 

Fiquei sabendo da notícia pelo twitter, informado pelo Marco Antonio Bart, ele mesmo um habitante de São Gonçalo, que publicou o link para o jornal A Tribuna, que trazia texto de Luiz Antonio Mello, um dos fundadores da Rádio Fluminense FM, da qual Maradona era fã. Reproduzo o texto abaixo, informando o link para a publicação original, feita ontem no site do jornal aqui.

 

 

Os milhares de roqueiros de Niterói estão tendo uma sexta-feira sombria. Morreu o produtor e promotor de eventos Luiz Claudio Santos, conhecidíssimo como Cláudio Maradona, em consequência de problemas cardíacos.

 

Ele se tornou lendário transportando fãs para os grandes shows em seus ônibus. Ao longo do tempo foram mais de 100 ônibus “do Maradona” transportando gente de Niterói para todos os grandes shows que aconteceram no Rio.

 

Foram apelidados de “Ônibus Mágicos”, uma referência a “Magic Bus”, música do The Who que ele adorava.

 

Simpático, na dele, nada espaçoso, conquistou a confiança de grandes produtores e executivos conseguindo assim acesso aos bastidores. Conheceu Paul McCartney, The Who, Guns and Roses (Slash o chamava pelo nome), Elton John, Queen. A lista não tem fim.

 

Tudo começou em 1982. Ouvinte visceral da Radio Fluminense FM, reuniu os amigos para um show de Peter Frampton. O que começou como vaquinha de fãs, Maradona profissionalizou e começou a organizar as suas lendárias caravanas de ônibus.

 

A Wilson Mendes ele contou que “Eu gosto de música e rodo o mundo vendo shows de rock. Aqui no Brasil, organizo caravanas para todos os shows. As pessoas já sabem disso e vêm me procurar. E pensar que tudo começou como uma brincadeira.”

 

Em média, Maradona faturava em média merecidos R$ 70 mil por cada Rock in Rio. A demanda era tanta que, quando se aproxima um festival grande, ele pede ajuda a três amigos que passavam o dia na varanda de seu apartamento, em Icaraí, anotando nomes gritados da rua.

 

Ele era fã fervoroso do Bon Jovi e do Kiss. Torrava todo o dinheiro das caravanas viajando para o exterior para assistir aos shows e tietar seus ídolos. Em 2017 ele conseguiu fazer uma foto abraçado com o arredio Pete Townshend, do The Who, nos bastidores do Rock in Rio onde era considerado de casa.

 

Claudio Maradona vai fazer muita falta. Por sua alegria, solidariedade (centenas de duros viajaram de graça em seus ônibus), o seu jeito único de conseguir agradar sem bajular os artistas.

 

A TRIBUNA se solidariza à sua família, amigos, colegas, fãs de rock que viajavam em seus “Ônibus Mágicos”.

 

E enterro será no cemitério do Maruí, em Niterói.

 

 

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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