13 + 3 canções de Elis Regina

 

 

Se Elis Regina estivesse entre nós – porque viva ela segue, firme e forte – completaria hoje 76 anos. Certamente ela foi a maior cantora de sua geração, dona de uma voz inigualável, capaz de drama, riso e beleza em doses iguais, sem falar na capacidade de alternar essas emoções às vezes no mesmo verso que cantava.

 

Quem viveu nos anos 1970 – meu caso – lembra de como Elis era presença constante na mídia. Seja em trilhas de novela, especiais na TV, matérias e capas de revista, a mulher era um dínamo em constante atividade. Pra comemorar o aniversário, a Universal relançou seu álbum de 1972, “Elis”, com uma nova remasterização, em formatos físicos e digitais.

 

Nós resolvemos fazer mais uma tradicional lista de “13 canções”, dessa vez com três faixas bônus, porque, afinal de contas, não é fácil desprezar tanta gravação boa que Elis deixou.

 

Aqui estão nossas escolhidas.

 

– Vou Deitar e Rolar (1970) – outra canção de “Em Pleno Verão”, mas que já mostra Elis com sotaque samba jazz, algo que ela fazia como poucas nos primeiros anos de sua carreira. Clássico imemorial.

 

 

– Tiro Ao Álvaro (com Adoniran Barbosa) (1980) – memória afetiva total, incluída no seu excelente álbum de 1980, “Elis”, que foi seu último registro em estúdio. Ele mostra como Elis estava se modernizando para a próxima década.

 

 

– Casa no Campo (1972) – canção de Tavito e Zé Rodrix, emblema maior do rock rural brasileiro daquele início de anos 1970. A interpretação de Elis é definitiva e ponto final.

 

 

– Dois Pra Lá, Dois Pra Cá (1974) – uma das canções mais impressionantes da lavra de João Bosco e Aldir Blanc, registrada por Elis em arranjo arrepiante e dramático, enfatizando a humanidade da letra, dos personagens, o drama, tudo. É quase um audiobook.

 

 

– As Curvas da Estrada de Santos (1970) – versão blues da canção de Roberto e Erasmo Carlos, que já tinha um acento soul em seu original. Outro arrasa-quarteirão desse álbum impressionante que é “Em Pleno Verão”.

 

 

– Black Is Beautiful (1971) – canção de Marcos e Paulo Sérgio Valle, uma das letras mais fortes sobre negritude e o clima vigente naquele momento de lutas e reivindicações. Faixa de “Ela”.

 

 

– Atrás da Porta (1972) – O que Elis obtém nessa gravação do clássico absoluto de Chico Buarque, é algo que vai além do humano. Arrepiante é pouco. Faixa de “Elis”, que está sendo relançado hoje.

 

 

 

– Upa Neguinho (1966) – outro cartão de visitas de Elis, ainda naquele momento pós-bossa, samba-jazz. Original de Edu Lobo, o registro de Elis está no segundo volume de “Dois Na Bossa”, álbum que ela dividiu com Jair Rodrigues.

 

 

– Aprendendo a Jogar (1980) – composição de Guilherme Arantes que Elis registrou no seu último disco, com um arranjo funk absolutamente sensacional.

 

 

– Como Nossos Pais (1976) – clássico do repertório da cantora e também assinatura maior de seu autor, Belchior. A versão de Elis é marco absoluto de sua carreira e ganhou uma nova audiência nos últimos anos. Faixa que abre o álbum “Falso Brilhante”

 

 

– Fascinação (1976) – uma das interpretações mais marcantes de Elis, presente também no álbum “Falso Brilhante”. É uma versão, com letra de Armando Louzada, para um clássico do cancioneiro pop americano, do início do século 20 e sua presença na trilha sonora da novela “O Casarão”, foi marcante.

 

 

– Morro Velho (1977) – uma das canções mais belas de Milton Nascimento em início de carreira, ganhou esta versão descomunal de Elis em seu álbum, “Elis”, de 1977. O arranjo, a interpretação, tudo é perfeito.

 

 

– Alô, Alô, Marciano (1980) – composição de Rita Lee e Roberto de Carvalho, imortalizada por Elis em interpretação debochada e com direito a citação de Louis Armstrong em “High Society”. Do álbum “Saudade do Brasil”, de 1980.

 

 

– Águas de Março (com Tom Jobim) (1974) – outro momento maior que a vida, faixa de abertura do mitológico álbum “Elis e Tom”. Não é a interpretação mais sensacional de “Águas de Março”, que é a do prórpio Tom, de 1973, mas certamente é a mais conhecida.

 

 

– Quero (1976) – hino bicho-grilo-esotérico-Barão de Mauá que Elis registrou em “Falso Brilhante”. Canção de Thomas Roth, “Quero” é tão bonita, tão maravilha, evoca tantos pensamentos bons que deveria virar hino.

 

 

– O Bêbado e a Equilibrista (1979) – Elis vestida de Carlitos no clipe desta canção – original de Aldic Blanc e João Bosco – encerrando um Fantástico em 1979. De um lado, minha mãe chorando, do outro, minha avó sem palavras e meu avô com cara de nada. Eu, com oito anos, intuí que estava diante de um grande momento. Este é o topo e passa a régua. Faixa de “Elis, Essa Mulher”, de 1979.

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

One thought on “13 + 3 canções de Elis Regina

  • 19 de março de 2021 em 01:00
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    “Atrás da Porta” é a minha favorita. Não tem como não gostar!

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