Quando Bruce Springsteen volta
Hoje, 10 de setembro de 2020, acordei com a notícia de um novo single de Bruce Springsteen. Na verdade, fui dormir com o boato de que “Letter To You”, a novíssima canção, sairia hoje. À meia-noite, olhei o serviço de streaming e nada mudou. Pensei que era apenas um rumor, mas Bruce é honesto até nos boatos. Logo mais, logo menos, a nova faixa entrou no Spotify e já foi ouvida por seus fidelíssimos fãs. Sendo assim, eu mesmo – e todos por aqui – fãs, vamos às boas novas. Vem disco novo aí.
“Letter To You” é a faixa-título do novíssimo álbum de Bruce, que será lançado no dia 23 de outubro. E, para a nossa felicidade máxima, é mais um disco com a E Street Band, algo que não acontecia desde 2014, quando “High Hopes”, um álbum de sobras e canções executadas em versões alternativas saiu. Na verdade, desde “Wrecking Ball”, lançado em março de 2012, Bruce não fazia um registro em estúdio com sua velha banda. Sendo assim, a saudade é ainda maior.
Em declarações recentes, Bruce disse que sentiu uma espécie de bloqueio criativo na hora de escrever canções para a banda por cerca de sete anos. O período bate com o hiato de 2012 até agora, cobrindo, não só “High Hopes” mas seu projeto “Western Stars”, de 2019, que rendeu um filme e uma trilha sonora. Agora o Boss já virou a chave e voltou ao modo normal. Também contou que o novo trabalho foi gravado em cinco dias, sem overdubs e com a banda toda reunida em seu estúdio caseiro em Asbury Park, NJ.
Pelo arranjo e clima, “Letter To You” lembra algo que poderia estar no belíssimo “The Rising”, de 2002. Tem o arranjo padrão das gravações da E Street Band, ou seja, camadas de guitarras, a bateria tonitroante, o órgão e o piano entrelaçados e a voz trovejante do Boss, que, neste caso específico, vem marcada pela idade e pela experiência. Bruce é desses artistas que aceitam o passar do tempo, o abraçam e se modificam. A letra da canção, não por acaso, fala em experiência, vivência e, a partir deles, do conhecimento/ciência da verdade. Como resultado disso tudo, Bruce se diz escrevendo uma carta “com sangue e tinta” para um destinatário não-identificado. Pode ser você. Ou eu.
Agora é ficar de olho nos próximos lançamentos até o dia 23 de outubro.
Tracklist:
1. One Minute You’re Here
2. Letter To You
3. Burnin’ Train
4. Janey Needs A Shooter
5. Last Man Standing
6. The Power Of Prayer
7. House Of A Thousand Guitars
8. Rainmaker
9. If I Was The Priest
10. Ghosts
11. Song For Orphans
12. I’ll See You In My Dreams
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.
Parabéns. Excelente texto de quem nitidamente sabe do que está falando.
Como fã de Bruce de longa data (talvez não tão longa, são 15 anos dedicados a sua arte), aguardo pela chegada do novo álbum e sua resenha completa!
Obrigado, nos vemos further up, on the road!
Boa, Maurício! Obrigado! Já estou na estrada há mais tempo, desde meados dos anos 1980. Talvez você curta este texto velho de guerra aqui. http://www.screamyell.com.br/outros/cel22.htm