Livro conta a história de Jimmy Page no Brasil
Leandro Souto Maior é guitarrista e jornalista. Carioca, toca nas bandas autorais Fuzzcas, da cidade do Rio de Janeiro, e Os Trutas (do distrito de Visconde de Mauá, onde mora). Como profissional de comunicação já passou pelo Jornal do Brasil, O Dia, e pelas rádios Band News FM, Rádio Cidade e pela histórica e saudosa Fluminense FM. Hoje é proprietário e curador da Casa Beatles, em Visconde de Mauá, um misto de museu e pub super bacana.
Agora, Leandro promove uma campanha de crowfunding para publicar, pela Garota FM Books, o livro Jimmy Page no Brasil, em edição bilíngue (português/inglês), com muitas fotos e detalhes ainda não revelados sobre essa relação de amor. O link para a campanha é https://www.catarse.me/jimmypagenobrasil.
Além de ser um dos músicos mais influentes na história do rock’n’roll, Page tem uma ligação antiga com o Brasil: o guitarrista do Led Zeppelin passou temporadas na Bahia, inaugurou a Casa Jimmy na capital fluminense para abrigar jovens sem lar e adora samba, berimbau e capoeira. Fomos bater um papo com Leandro pra saber mais sobre a iniciativa. Confira abaixo!
CP: Quando surgiu a ideia do livro, e por quê?
Leandro Souto Maior: Surgiu de um papo com o presidente do fã-clube oficial do Led Zeppelin no Brasil, o Zeppeliano Fã-Clube, que me listou as diversas vezes em que Jimmy Page esteve no Brasil. A partir daí comecei a ver que não era algo superficial, pelo contrário, era uma relação intensa e antiga, nunca contada em nenhuma biografia lançada internacionalmente sobre o Jimmy ou sobre o Led.
CP: Quanto tempo você trabalhou na apuração? Imagino que a missão tenha incluído muitas entrevistas, viagens por onde ele passou e um trabalho detalhado de achar informação, um pouco escassa, está certo?
LSM: Você disse tudo, foi exatamente assim! Desde aquele primeiro papo com o fã-clube, levei aproximadamente uns sete anos com pesquisas, entrevistas etc.
CP: Das entrevistas que fez para o livro, qual você pode citar como uma das mais ricas ou interessantes, e por qual razão?
LSM: A entrevista com o Luiz Cláudio, do Zeppeliano, foi fundamental. A da Aninha Capaldi também, pois ela foi anfitriã do Jimmy em sua primeira vinda do Brasil, em 1979. Ela estava casada à época com o Jim Capaldi, baterista do grupo inglês Traffic, banda da mesma época do Led Zeppelin, e eles estavam passando um tempo em Ipanema quando o Jimmy chegou de surpresa. Tanto o Zeppeliano quanto a Aninha cederam muitas fotos inéditas.
CP: Ed Motta, que assina o prefácio, é um grande fã de Led né? Essa eu não sabia… Foi boa a troca com ele?
LSM: Eu tinha uma pista errada de que ele teria estado pessoalmente com o Jimmy Page. Chamei-o em uma mensagem privada, em um de seus perfis nas redes sociais, e ele prontamente me corrigiu, dizendo que não havia estado com Jimmy, mas era um dos grandes fãs e colecionadores da obra do Led Zeppelin. Daí surgiu a ideia do convite para o prefácio, prontamente aceito!
CP: Você acha que a cultura brasileira influenciou de alguma forma a música de Page, ou seu interesse pelo país? Ou ele se apaixonou mesmo pelo clima, corpos e paisagens brasileiras?
LSM: Acho que tudo, né? Se pensarmos bem, clima, corpos e paisagens também podem ser encarados como aspectos culturais. Acho que ele curtiu mesmo o Brasil, existem declarações sobre como ficou impressionado com a capoeira por exemplo, com o som do berimbau, além de várias vezes ter se derretido pelas baterias das escolas de samba do Rio, incluindo visitas às quadras de algumas delas, devidamente detalhadas no livro.
CP: Como você disse, a primeira vez que Jimmy Page visitou o Brasil foi em 1979, mas isso é fato pouco divulgado nas obras que existem no mercado sobre ele ou sobre o Led Zeppelin. Falta de interesse de biógrafos e jornalistas? É correto afirmar que o livro vai suprir essa lacuna?
LSM: Acredito que os jornalistas lá de fora, em geral, não se interessam muito pelo acontece ou aconteceu do lado debaixo do Equador, mas também tem o fato da distância que dificulta. Fui a Lençóis, na Bahia, onde Jimmy comprou terreno e construiu casa, entrei inclusive no imóvel, ele não estava, claro, a casa é alugada! Também fui à Inglaterra também, mas acho que, para os jornalistas de fora do Brasil, não houve interesse suficiente.
CP: O próprio Jimmy Page sabe de sua iniciativa? Você teve algum contato com ele ou com alguma pessoa próxima, ou pensa em ter?
LSM: Estou em contato com pessoas próximas a ele, para tentar avisar sobre o projeto e registrar que respeito a privacidade dele, além de abrir a oportunidade de ter um depoimento ou entrevista para o livro, os dedos estão cruzados aqui! Mas estou certo de que o resultado valeu a pena, mesmo se não rolar a participação!
CP: Tenho certeza disso! E como o guitarrista e o jornalista dividiram a cabeça – e o coração! – pra escrever sobre um dos maiores guitarristas de todos os tempos?
LSM: Ah, não dividiu, pelo contrário: escrever sobre seu maior ídolo da guitarra, com a visão de um guitarrista, é uma soma muito boa! E, com a pandemia, tive mais tempo livre pra escrever, pesquisar na internet, em livros, realizar entrevistas por telefone.
CP: Como o sim do Led/Page influenciou o guitarrista Leandro Souto Maior?
LSM: Na verdade minha banda preferida é The Beatles, mas Led Zeppelin em segundo lugar! E o Jimmy Page e o Led Zeppelin ditaram os padrões de som e comportamento do rock, então eu que segui a cartilha ali, devotamente… A influência é grande!
CP: Fale sobre a campanha de crowfunding…
LSM: A campanha foi ideia da minha editora, a Garota FM Books, que comprou a ideia do livro e sugeriu que fizéssemos por meio de uma campanha virtual. O primeiro livro da editora, o Discobiografia Mutante, sobre Os Mutantes, já havia sido bem sucedido em sua própria campanha. Queremos mobilizar os muitos fãs do Led Zeppelin que existem por aí, no Brasil e no mundo, pois Jimmy Page no Brasil será editado bilíngue, Inglês/Português, para ajudar a viabilizar a impressão da publicação com qualidade, e em um bom papel, porque merece! As fotos também são muito legais, o livro inteiro é recheado de imagens.
CP: E a Casa Beatles, em Mauá?
LSM: É mais um sonho maluco que eu tive com meu broto, Mariana Dantas, de sair da cidade grande, o Rio de Janeiro, e ir pra um local mais calmo. Como cada um de nós já tinha uma grande coleção de itens dos Beatles, achamos que daria pé, e tem dado, há cinco anos!
CP: Alguma mensagem pros leitores do Célula Pop?
LSM: Parece piegas, mas é o que eu gostaria de motivar a todos: nunca desistam de seus sonhos!

Celso Chagas é jornalista, compositor, fundador e vocalista do bloco carioca Desliga da Justiça, onde encarna, ha dez anos, o Coringa. Cria de Madureira, subúrbio carioca, influenciado pelo rock e pela black music, foi desaguar na folia de rua. Fã de poesia concreta e literatura marginal, é autor do EP Coração Vermelho, disponível nas plataformas digitais.