Betty Wright: 1953 – 2020

Morreu hoje, 10 de maio de 2020, a cantora americana Bessie Regina Norris, mais conhecida como Betty Wright, aos 66 anos, em Miami. Uma sobrinha confirmou a morte, mas a causa ainda não foi revelada.

Betty lançou seu primeiro disco aos 17 anos, “My First time Around”, cuja faixa “Clean Up Woman” chegou ao segundo lugar nas paradas de R&B por oito semanas. Com a composição da música “Where Is the Love”, ela ganhou o Grammy de canção R&B em 1974. A faixa está naquele que é considerado seu melhor álbum em toda a carreira, “Danger High Voltage”. Abriu shows de Bob Marley e, em 1980, gravou uma canção de Stevie Wonder, “What Are You Gonna Do With It”, exclusiva para seu álbum. Nas décadas seguintes, não deixou de compor, gravar novos discos e se apresentar ao vivo.

Nos anos 2000, Betty fez produção vocal de cantoras como Gloria Estefan, Jennifer Lopez e Joss Stone. Com essa última, foi indicada à categoria de melhor disco pop do Grammy em 2005 pela produção musical do álbum “Mind, Body and Soul”. Em 2011 lançou um ótimo álbum com a banda The Roots, “Betty Wright, The Movie”.

Betty inspirou de Chaka Khan a Mary J. Blidge. É um ícone da soul music que se vai.

Meu amigo Zeca Azevedo, colaborador da Célula Pop, fez esta postagem em seu perfil do Facebook:

A morte de Little Richard teve grande impacto, mas já era esperada de algum modo porque ele tinha idade bem avançada e as notícias sobre a saúde dele não eram boas há muito tempo. Um dia depois de sabermos da morte de Little Richard vem essa porrada na cara dos fãs de música negra.

Betty Wright foi uma GRANDE cantora de soul music, uma das melhores dos anos 1970 e de qualquer década. Foi uma estrela da soul music de Miami. Eu a ouço e admiro desde a década de 1970. O álbum ”Danger, High Voltage”, lançado em 1974, é um dos meus discos mais queridos, mas a discografia dela é repleta de gravações magníficas. Ela ainda estava na ativa, com voz linda. O álbum que Betty fez com o grupo The Roots, lançado em 2011, é LINDO.

Betty foi cantora de grande apuro técnico e de grande sensibilidade. E foi compositora também: ”Tonight’s the Night”, um dos grandes sucessos de Betty, era de autoria dela. Tenho sete álbuns, uma coletânea e um compacto simples de Betty Wright em minha coleção de discos e acho pouco. Ela tinha uma voz clara, pura, que encontrava imediatamente uma conexão com o coração do ouvinte. É uma perda terrível para os fãs de soul music porque sabemos que ela estava em condições de nos oferecer mais música bonita. Ela também foi uma rainha da soul music. R.I.P., querida.

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.