Aquela vez em que os Beastie Boys salvaram a galáxia

 

 

Sim, o título deste texto tem a pegada do adorável site Pop Fantasma, do companheiro de trincheira Ricardo Schott. Vale conferir porque a ideia por lá é ser uma espécie de cruza do velho programa “Acredite Se Quiser”, que passava na TV Manchete nos idos dos anos 1980, com cultura pop em estado puro. Recomendo. Mas, sim, houve uma vez – ou haverá, o tempo é relativo – que os Beastie Boys salvaram a nossa pele e a de vários outros povos que habitam a Via Láctea. Quem é fã de Star Trek sabe muito bem.

 

O assunto foi falado bastante em 2016, ano em que “Star Trek: Beyond”, terceiro filme da nossa série de longas inspirados na franquia iniciada com a pioneira série de TV, foi lançado. A produção era de JJ Abrams e a direção coube a Justin Lin. O resultado foi uma pequena belezura para fãs das aventuras de Kirk, Spock, McCoy e companhia, com a participação de Sofia Boutella (a ótima atriz francesa que estrelou “A Múmia”) e Idris Elba, ambos quase irreconhecíveis sob toneladas de maquiagem. A história reproduzia a tal realidade alternativa nos eventos de Star Trek, que se iniciaram com o primeiro filme desta nova leva de produções. Mesmo dividindo opiniões, estes novos longas apresentaram uma tripulação bem bacana, ainda que tenham ficado em segundo plano, porque Abrams, talvez uma das pessoas mais sortudas do universo, empenhou mais recursos e atenção aos três últimos Star Wars, com resultados sofríveis, exceção feita ao segundo longa, “O Último Jedi”.

 

Voltando a Star Trek.

Os Beastie Boys já apareceram no primeiro longa, de 2009. Na cena, um Kirk criança está correndo como um louco por uma estrada, a bordo de um Corvette e ouvindo “Sabotage”, faixa do álbum “Ill Comunication”, de 1994, no volume máximo. Obviamente ele “pegou emprestado” o carro, sendo perseguido por um policial robô, que consegue interceptá-lo antes que aconteça um acidente.

 

Mais tarde, em “Star Trek: Além da Escuridão”, de 2012, “Body Movin'”, outra música do trio de rap novaiorquino aparecia, dessa vez numa cena em que Kirk, já na Academia da Frota Estelar, surgia após se divertir com duas gêmeas alienígenas, numa daquelas situações tradicionais vividas pelo capitão junto ao público feminino.

 

Nada, no entanto, se compara com o que acontece em “Star Trek: Beyond”. Após tomar uma surra de um enxame de naves alienígenas que mais se parecem com abelhas, a Enterprise cai num planeta ermo e sua tripulação é aprisionada. Tudo parece perdido, inclusive para uma base estelar da Federação Unida dos Planetas, cuja localização é próxima do tal planeta e que é alvo da fúria do vilão Krall, vivido por Idris Elba. Encurtando a conversa: na hora de salvar a tal base, a tripulação se dá conta de que um sinal de rádio, transmitido em baixa frequência, pode embaralhar o alinhamento das naves inimigas, desde que seja algo que “faça barulho”. E eis que surge novamente “Sabotage”, dessa vez utilizada como transmissão para desabilitar as naves inimigas.

 

A sequência é tão legal que não foi possível evitar os trocadilhos com a música.

 

Kirk fala: “vamos fazer barulho”.

 

O Alferes Checov – vivido pelo falecido Anton Yelchin – aparece acompanhando a música com o pé.

 

O Tenente Sulu (John Cho) também está balançando o corpo em plena pilotagem de alto risco.

 

O Doutor McCoy (Karl Urban) pergunta a Spock (Zachary Quinto) se aquilo é música clássica e o vetusto Comandante vulcando responde, discretamente acompanhando a música com os pés, que, “não sabe, mas que não seria nada errado chamar assim”.

 

A própria estação da Federação passa a transmitir a música, com um sinal ainda mais forte, resultando numa verdadeira cascata de explosões, salvando a todos.

 

Há rumores fortes de numa nova sequência de Star Trek com a produção de Abrams já em fase de elaboração do roteiro. Os atores já teriam confirmado nova participação e a expectativa é que haja alguma menção ao clássico filme de 1986, “Star Trek IV – A Volta Pra Casa”, quando a tripulação da Enterprise volta no tempo para capturar uma baleia jubarte para salvar a Terra do futuro de uma ameaça alienígena. O filme foi dirigido e escrito por Leonard Nimoy, o próprio Spock, e chegou a ser indicado para quatro Oscars.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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