Os Cinquenta Álbuns Nacionais de 2024
Cá estamos nós com a relação de cinquenta álbuns nacionais do ano passado. Como nossa lista não pretende ser convencional ou se pautar pelo que andam ouvindo por aí, a gente resolveu fazer um pequeno tutorial para entender onde foi parar o seu disco preferido na nossa lista.
A primeira metade traz álbuns inseridos como “destaques”, considerados bons o bastante para serem mencionados, mas que ficaram atrás de um outro grupo, que tem um total de mais 25 discos.
Estes, além de mencionados, ganharão comentários, que irão aumentando à medida que a posição sobe. Esperamos cobrir o maior número de trabalhos bacanas e dignos de menção.
Como sempre, esperamos que gostem e aguardamos seus comentários concordando, discordando e sugerindo álbuns que ficaram de fora.
– João Bosco – Boca Cheia de Frutas
– Varanda – Beirada
– Samuel Rosa – Rosa
– Frank Jorge – Um Tipo Estranho
– Tuyo – Paisagem
– Hermeto Pascoal – Pra Você, Ilza
– Caxtrinho – Queda Livre
– Hoovaranas – Três
– Batata Boy – MagicLeoMixtape
– Katia Jorgensen – Canções Para Odiar
– Dead Fish – Labirinto da Memória
– Nina Maia – Inteira
– André L R Mendes – It’s Only Artesanato (But I Like It)
– Pablo Castro – O Riso e o Juízo
– Moreno Veloso – Mundo Paralelo
– Tulipa Ruiz – Trago
– Erasmo Carlos – Erasmo Esteves
– Sofia Freire – Ponta da Língua
– Salma e Mac – S&M
– Lucas Arruda – Ominira
– Céu – Novela
– Tontom – Mania 2000
– Antonio Neves – Deixa com a Gente
– Adorável Clichê – Sonhos Que Nunca Morrem
– Rafael Castro – Vaidosos Demais
Discos Destacados
25 – Alê Sater – Tudo Tão Certo: o baixista e vocalista da Terno Rei estreia solo com muito lirismo e ótimas canções que viajam na veia pós-punk de sua banda.
24 – Carne Doce – Cererê: “Cererê” mostra uma banda cheia de vontade de contar sua história.
23 – Vitor Ramil – Mantra Concreto: Cantor e compositor gaúcho musicou quinze poemas do escritor paranaense e se saiu com um dos mais belos álbuns nacionais de 2024
22 – Marcos Valle – Túnel Acústico: “Túnel Acústico” tem canções inéditas e dois acenos aos anos 1970, marcando a absoluta imunidade de Marcos Valle em relação ao passar do tempo
21 – Mundo Vídeo – Noite de Lua Torta: primeiro álbum da dupla carioca, formada por Gael Sonkin e Vitor Terra, tem fusão de guitarras, eletrônica e ótimas composições.
20 – Beto Cupertino – Auto: Cantor, guitarrista e compositor do Violins segue entre o humanismo e o pessimismo em nova fornada de ótimas canções.
19 – Lestics – Bolero #9: Paulistas da Lestics voltam com disco juntando presente, passado e memória.
18 – Liniker – Caju: Segundo trabalho da cantora e compositora não tem medo de ousar em estilos, formas e abre o peito em busca de respeito, amor e consideração.
17 – Lô Borges – Tobogã: Cantor e compositor mineiro lança o sétimo disco (sexto de inéditas) em seis anos e mantém viva sua forma peculiar de canção.
16 – Dora Morelenbaum – Pique: Integrante do Bala Desejo lança o primeiro álbum solo com produção de Ana Frango Elétrico e tenta se equilibrar entre o clássico e o moderno.
15 – Paira – EP01: Dupla mineira estreia com versão pessoal de música eletrônica e alternativo indie, com ótimas canções.
14 – Black Pantera – Perpétuo: Banda de Uberaba incorpora detalhes afro-latinos e melhora seu som, encorpando suas canções de protesto com relevância sonora.
13 – Bruno Berle – No Reino dos Afetos 2: Bruno Berle lança segundo disco sensacional no qual segue inserindo gentilmente o pop brasileiro no som do mundo sem perder de vista a identidade da melhor música nacional.
12 – Esperanza Spalding & Milton Nascimento – Milton + Esperanza: Esperanza Spalding homenageia Milton Nascimento chamando-o para colaborar e criar em conjunto em um belo e emocionante álbum.
11 – Oruã – Passe: Projeto do venerável Lê Almeida chega ao quarto disco e briga por espaço na cena alternativa americana após colaboração com o Built To Spill.
10 – Curumin – Pedra da Selva: “Pedra da Selva” é um triunfo. É plural, identificado com seu autor e com uma tradição de músicos que ousou misturar várias informações em busca de uma verdade inalcançável. Das tentativas recentes de obter clareza dessas misturas todas, esta é a mais bem acabada que ouço em muito, muito tempo. Bravo. Direto para as listas de melhores de 2024.
09 – Rodrigo Campos – Pode Ser Outra Beleza: “Pode Ser Outra Beleza” é desses discos que precisam ser ouvidos pelo maior número de pessoas. Oferece conhecimento precioso, lirismo incontido e um jeitão de lidar com a pós-modernidade de quem sabe as verdades mas precisa driblá-las em nome da sanidade e da persistência. Algumas vezes sem sucesso. Que lindeza. Parabéns, Rodrigo Campos.
08 – Zeca Baleiro e Wado – Coração Sangrento: “Coração Sangrento” é daqueles discos que, lançados hoje, são belos e tal. Mas, se fossem cria dos anos 1970, certamente seria saudado como um clássico intertemporal da música brasileira. Não deixe a percepção do tempo atrapalhar: ouça pra ontem esse que é um dos mais belos álbuns de 2024, fácil.
07 – Pluma – Não Leve A Mal: “Não Leve A Mal” é um baita cartão de visitas. Com o devido tempo, Pluma deverá ser uma das grandes bandas brasileiras. Estamos na torcida. Ouça esse disco logo.
06 – Boogarins – Bacuri: A sonoridade que “Bacuri” traz é adorável. Tem muito de referências modernas de psicodelia, especialmente Tame Impala e Pond, mas tem um amor declarado e assumido por influências brasileiras dos anos 1970, especialmente “Clube da Esquina” e carreiras solo de seus participantes, destacando Beto Guedes e Lô Borges.
05 – Os Garotin – Os Garotin de São Gonçalo: Se tudo der certo, os Garotin chegaram pra ficar. Ainda deslumbrados com a rápida ascensão no cenário nacional, com shows marcados para vários lugares, os três ainda estão entendendo o que está acontecendo. Que tenham tino e sangue frio e sigam leves como neste primeiro disco.
04 – Silvia Machete – Invisible Woman: Comemos bola e não resenhamos a tempo este sensacional álbum. Fazemos justiça agora, colocando-o num lugar alto do nosso pódio. É um trabalho maduro, internacional, sensorial e sensacional, que dá a Silvia Machete o reconhecimento que ela merece há tanto tempo.
03 – Amaro Freitas – Y’Y: Com críticas elogiosas e respeitadas em veículos gringos como Downbeat, The Guardian e New York Times, não seria exagero dizer que Amaro Freitas é o músico brasileiro do momento. Ou melhor, o músico de um desses Brasis, talvez o mais impossível deles no momento. Enquanto isso, no Brasil mais perto de você, olhe bem e veja quem é o mais importante. “Y’Y” é demais, demais para a maioria dos Brasis.
02 – Zé Manoel – Coral: Este “Coral” é um trabalho exuberante, multifacetado, de um artista que já deixou de ser promessa e é forte realidade na música nacional. Ouçam, passem adiante e preparem-se para encontrar Zé Manoel nas listas de melhores de 2024. Nada será mais justo.
01 – Luiza Brina – Prece: “Prece” é um disco sem paralelo na música nacional recente. Une pontos que pareciam muito distantes, aproxima experiências, promove o reconhecimento e propõe novos e mais delicados fazeres. É coisa seríssima e Luiza Brina parece flutuar enquanto canta e arranja suas canções. Demais para a nossa brutalidade atual.

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.