Fran Lebowitz: A mulher que fala sobre tudo

 

 

 

Vez ou outra além de algum livro eu também não paro de falar sobre uma série ou filme.

 

Minha obsessão atual é a minissérie da Netflix “Faz de conta que NY é uma cidade”, dirigida e criada por Martin Scorsese, em que ele conversa com a escritora norte- americana Fran Lebowitz.

 

Fran tem apenas 4 livros publicados, 2 não finalizados porque passou 10 anos de mau humor segundo ela mesma, mas não importa: desde sua chegada a Nova York para tentar escrever seus poemas tornou-se um nome conhecido e ouvido por suas opiniões engraçadas, ácidas e sagazes.

 

A impressão que nos dá é que ela pode falar sobre qualquer assunto.

 

Cada episódio trata de temas diferentes como arte, cultura, dinheiro, idade, livros e a cidade em si. Não é preciso ter ido à Nova York pra gente se envolver, refletir e dar risada:

 

“`Eu não posso fazer um bolo para um casal gay porque é a minha arte´ Fora o lado político da coisa, que é repreensível eu tenho uma notícia para você, senhor padeiro: se você pode comer, não é arte!”

“Não posso parar um segundo, ficar na frente de um lugar fumando um cigarro sem que 10 pessoas me peçam direções. Fico surpresa, pois penso:  sério, eu pareço acolhedora para vocês?”

 

As imagens atuais de Fran e Martin em um bar e na biblioteca de Nova York, que particularmente me emocionaram por mostrar um Scorsese sem a aura do grande cineasta, apenas ouvindo sua amiga com respeito e andando entre os livros que Fran tanto ama são intercaladas com fragmentos de filmes que ela cita e entrevistas com gente como Alec Baldwin, Olivia Wilde, Spike Lee e Toni Morrison, a quem a série é dedicada.

 

Avessa à tecnologia Fran, nascida em 1950, não tem computador ou celular nem por isso foge de temas atuais como o movimento #metoo, sempre com autenticidade e sem ser grosseira, coisa que entre formadores de opinião no Brasil anda meio rara:

“Eu acredito em cada uma dessas mulheres. Me prove que é mentira. Com certeza algumas pessoas estão mentindo. Mas você tem quem me provar porque já fui uma moça. Certo?”

 

A minissérie estreou no dia 8 de janeiro, talvez tenha te passado despercebida, mas confia em mim: ouvir Fran Lebowitz talvez não te vicie como me viciou, mas com certeza vai te garantir momentos bem especiais.

 

 

 

Debora Consíglio

Beatlemaniaca, viciada em canetas Stabillo e post-it é professora pra viver e escreve pra não enlouquecer. Desde pequena movida a livros,filmes e música,devota fiel da palavras. Se antes tinha vergonha das próprias ideias hoje não se limita,se espalha, se expressa.

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